INSPIRAÇÃOES PARA FILÓ DE LUXO: DE ONDE SURGEM AS IDÉIAS


Sempre me perguntam como eu me inspiro para criar os produtos da Filó de Luxo.  Pergunta interessante. É sempre bom saber os caminhos que uma idéia percorre para se tornar um produto e conhecer o processo de criação do designer.

Antes de estudar design eu já fazia produtos artesanais. Sempre gostei de pesquisar, experimentar materiais e brincar com cores. Tudo de forma muito intuitiva. Eu via um aviamento e imaginava o que poderia fazer com ele: um colar? Uma pulseira? E se eu misturar com essa semente? O que vai acontecer? Que resultado vai dar?.

Estava sempre com o olhar atento para os novos materiais, tanto o que se poderia encontrar nas lojas, como também o que poderia ser reciclado. Gosto de trabalhar com o deslocamento de função de uma matéria prima ou produto. O botão de uma roupa pode virar um fecho ou um elemento de composição de um produto.

Depois do curso de design comecei a refletir no que estava fazendo e como estava fazendo, buscando conceitos, inovações, uma conexão e uma direção para esse modo de fazer intuitivo. Respeitar o mercado e o setor em que estava trabalhando. Já não era apenas fazer produtos artesanais, mas saber que fazia parte do setor de moda e isso implicava vários conhecimentos. Era preciso entender as regras de funcionamento deste setor, entender as tendências, a sazonalidade, entender o cliente.

Mais um ensinamento foi fundamental: trabalhar com a idéia de coleções, não mais fazer aleatoriamente o que me viesse à mente, mas ter uma inspiração principal, estudar e pesquisar os elementos dela, pesquisar material, entender sobre como o produto se comporta, entender o mercado. Enfim fazer escolhas, sempre e muitas, grandes e pequenas escolhas.

Em cada peça você pode ter certeza que antes de finalizar a idéia ela passou por várias possibilidades: qual a cor adequada, qual o melhor tamanho, como encontrar o melhor caimento, e o fecho, funciona ou não? A respostas para todas essas perguntas, em conjunto com fatores externos e fora do domínio do designer, define o sucesso ou o fracasso das coleções. Lembrando que as perguntas que sempre ficam é: será que as pessoas vão gostar? Será que vão comprar?

Para responder as perguntas e tomar decisões é preciso sempre procurar ferramentas para respondê-las. Estudar, pesquisar, ouvir a intuição, se atualizar, experimentar, olhar e ver além, fuçar, estar atento com todos os sentido abertos e ao mesmo tempo ser seletivo. Uma música pode inspirar. O leque que a vovó usava sempre que contava estórias pode inspirar. Um filme pode inspirar. O cheiro de café de um lugar especial pode inspirar. As cores da mata podem inspirar. Um monte de resto de madeira jogado em uma construção pode inspirar...As possibilidades são infinitas.

A Coleção América é uma das que mais vendem. A minha inspiração bem visual são as cores e formas dos adornos dos povos tradicionais da América do Sul. Eu adoro artesanato e adoro comunidades tradicionais. Já trabalhei com comunidades no Brasil.

Moro em São Paulo. Vejo essas pessoas de comunidades tradicionais da América do Sul vendendo artesanato nas ruas, as mulheres todas com belos trajes típicos. Vejo grupo de músicas folclóricas tocando em praças e feiras e fico imaginando o quanto tem de histórias na cultura forte e milenar deles. Os imagino em seus lugares, imagino as condições que vivem, o que os fez imigrar, imagino as conexões e as desconexões de suas raízes e isso me toca. Pesquiso livros e imagens deles.E vejo a beleza em cada peça, nas cores que usam, na força que mostram, na beleza, na busca, no que parecem e no que se diferem de nós, brasileiros. Tudo isso se mistura e flui em forma de produtos e tento trazer de uma maneira simples a beleza e força que vejo nos povos tradicionais da América do Sul.

Essa é a inspiração e suas vertentes na criação de objetos. No final o que você vê é uma leitura, um resumo visual de sentimentos e informações que passaram por mim e se transformaram em produtos.


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