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TURISMO

São Paulo tem roteiro temático em ateliês e design de joias

Tour é uma das possibilidades do turismo vivencial que atrai turistas à capital

07/04/2013 - 12h53 | Karina Fusco
karina.fusco@rac.com.br

Foto: Karina Fiusco/AAN
A guia Flávia Liz (esq.), a designer de joias Léia Sgro (centro) e a designer de acessórios Mary Lima (dir.)
A guia Flávia Liz (esq.), a designer de joias Léia Sgro (centro) e a designer de acessórios Mary Lima (dir.)
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Ir a São Paulo para visitar museus, parques, centros culturais e de compras é pra lá de corriqueiro para quem mora em cidades próximas, como Campinas. Porém, a maior cidade brasileira tem muito mais a oferecer ao visitante do que os roteiros tradicionais. Entre as novas possibilidades está o tour de joias. Desenvolvido pela guia Flávia Liz de Paolo, o roteiro leva o turista para conhecer artistas e ateliês onde são criadas joias exclusivas. 


“Busco novidades e levo meus clientes a lugares ímpares, muitas vezes fechados ao público, antecipando até soft openings e inaugurações”, explica. Muitos podem até pensar que, com a facilidade dos blogs, sites de turismo e redes sociais, seja possível pesquisar e por si só fazer passeios como esses. Negativo, uma vez que a especialista tem acesso a lugares que ela garimpou e conquistou o privilégio de compartilhar apenas com seu público.


Para participar desse tour inusitado e conhecer de perto joias produzidas na metrópole paulistana é preciso desembolsar a partir de R$ 200,00 por hora. O investimento é compensado pelo padrão de atendimento. Flávia esbanja conhecimento e fala seis idiomas (alemão, italiano, inglês, francês, espanhol e português). A atenção ao turista é exclusiva. 

“Os tours são extremamente personalizados. Levo no máximo três pessoas por vez e sempre que possível presenteio meus clientes com mimos que simbolizam o roteiro temático percorrido”, diz.

Credenciada pela Embratur e associada ao São Paulo Convention & Visitors Bureau, Flávia vive de olho em lugares e em artistas que possam integrar os passeios que promove. “Tem que ter uma pegada cultural e conceitual, ser um trabalho diferente, único. Mas também avalio a logística”, diz ela, que faz roteiros de carro, a pé e até de helicóptero.
Caminho das pedras
O roteiro exclusivo pode começar pelo ateliê de Léia Sgro, designer que viveu em diversos países e que se especializou em joias, no Japão. De volta ao Brasil, a artista abriu seu espaço no Jardim Europa. Em um ambiente aconchegante ela expõe suas peças elaboradas principalmente com pérolas e ágata. A visita também proporciona ao turista a possibilidade de conhecer o processo de fabricação. 

“Tudo começa de uma cera, de onde vou esculpindo a peça no formato desejado e somente no final coloco o metal. Por isso uma joia é cara não apenas pelo ouro que ela leva”, explica. O processo de criação é circundado por sua sensibilidade e imaginação. Exemplo da exclusividade das peças é uma delicada pulseira produzida como um crochê em fios de prata, que depois receberam banho de ouro. “Nunca vi ninguém utilizando esta técnica”, afirma.


Tomando um chá ou um suco, a visita é como uma descontraída aula ministrada por Léia, que também é artista plástica e produz peças de cerâmica, além dos tradicionais chabakos (caixas feitas com madeira e um papel japonês chamado washi). Ela explica, por exemplo, que apesar de cultivadas, as pérolas se formam espontaneamente, mesmo quando induzidas a determinadas condições que lhes conferem cores, tamanho e forma. “Já as pedras são lapidadas de acordo com padrões humanos”, complementa.


Em 2005, as peças da artista foram destaque nas vitrines da conhecida Francesca Cilliberti, na Calábria, Sul da Itália. Em 2012, uma coleção de semijoias foi exposta na Galeria Blue Violet, de Vera Simões, na capital paulista e também foi catalogada no livro Blue Violet by Vera Simões - Art and Jewelry Designer, que apresentou o conceito joias arte. Muitos que conhecem o trabalho de Léia voltam ao ateliê trazendo colares de pérolas antigos para reforma e até mesmo para ganhar um ar mais moderno. Ali também fica a Galeria Vitória Arte, onde faz exposições de todas as suas obras.
Ouro, prata e pedras
Outro ponto de parada é o ateliê da artista e joalheira Patricia MB Gotthilf, em Pinheiros. Ela, que também é fotógrafa, pintora e gravurista, tem a natureza como principal fonte de inspiração. Suas joias em ouro e prata são integradas harmonicamente às cores fortes das pedras brasileiras, brutas ou polidas, em desenhos únicos inspirados em elementos orgânicos, como marfim, ossos, madeiras, texturas e sementes. Todas as suas coleções têm um conceito e, enquanto explica cada uma delas, vai mostrando as peças que as compõem e enchendo os olhos dos turistas. “Os estrangeiros adoram nossas pedras preciosas”, afirma.


A designer mostra, também, suas peças premiadas como o anel Kosmos de ônix, com um brilhante preto, um branco e um quartzo transparente (representando a fachada do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, projetado por Oscar Niemeyer) que foi o vencedor do prêmio Idea Brasil 2009. Suas criações também já foram expostas nos Estados Unidos, na Alemanha, na França e na Suíça e em renomadas mostras no Brasil.
Joias para vestir
O Stúdio Filó de Luxo, no bairro de Perdizes, recentemente passou a integrar o tour de joias. A descoberta se deu após Flávia conhecer a designer de acessórios Mary Lima. Ao ver de perto suas joias e acessórios feitos com tecidos e linhas, a guia identificou um grande potencial. “Os turistas adoram lugares como este, em que é possível ver o material de trabalho do artista e adquirir peças exclusivas”, ressalta Flávia. 

Entre as criações de Mary está a também vencedora do prêmio Idea Brasil, na versão 2012: o colar Ninhos, feito com linha e pequenas pedras, que traz um efeito gráfico ao mais simples dos visuais e mostra que a simplicidade pode surpreender. “Eu trabalho com tecidos e linhas, que são materiais confortáveis para o corpo. A eles misturo pedras e prata, sem deixar o conforto de lado, porque minhas joias são para vestir”, explica a artista, que é piauiense, morou no Amapá e no Pará e se instalou definitivamente em São Paulo em 2009.


Na criação, ela prioriza formas, volumes e grafismos, privilegiando mais o desenho e o conceito. “Arte é o principal, moda e design acompanham”, define. Suas peças também podem ser encontradas no Museu de Arte Moderna (MAM). Porém, conhecer a artista é incomparavelmente melhor e comprova que esse roteiro é digno do sucesso que vem fazendo.
Para conhecer o tour de joias acesse: www.flavializ.com

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